28 de fev. de 2013

Ó Pá: Primeiros Dias em Lisboa

"Lisboa, não passas deste inverno
Trata de mim quando este chão ceder"
(
Pequeno Almoço Continental, Os Pontos Negros)

Enfim, cheguei na terrinha. Quer dizer: já não faz tão pouco tempo assim (estou aqui há quase um mês), mas parece menos. Todo dia é uma novidade para descobrir, algo para resolver ou conhecer, de maneira que mal pude vir aqui para escrever sobre esse começo de viagem com calma. Mas vamos lá.


Esta é a vista da janela do meu quarto. 
As primeiras horas no Velho Mundo talvez tenham sido as mais complicadas: não consegui dormir direito durante todo o voo entre Guarulhos e Lisboa, mesmo tentando ouvir música, assistir filmes, séries e desligar tudo o que havia por perto. Resultado: um baita sono e uma sensação de estar muito perdido na hora da imigração e de pegar o táxi (quase todos são Mercedes Benz por aqui) para ir até a Residência Universitária Alfredo de Sousa, onde moro agora. 

Chegar aqui, às sete da manhã de um domingo de Carnaval, sem ninguém conhecido por perto e acordar horas mais tarde sem saber onde eu poderia comer foi quase angustiante, mas logo depois deu tudo certo. Junto comigo, moram aqui na residência uma turma de brasileiros, de várias partes do país (quase um Albergue Espanhol), e a gente se une para sair, para ir às aulas e para cozinhar (de noite, porque de dia tem o bandejão da faculdade, que não me dá saudades nenhuma do Central ou da Química). 

As aulas ainda mal começaram, mas deu para sentir que por aqui o enfoque é bem mais teórico do que prático - algo do qual eu sentia falta às vezes na ECA. Das quatro cadeiras que peguei (Géneros Televisivos, Guionismo (leia-se: Roteiro), Teoria Política e Literatura & Mitologia), a favorita é provavelmente a última, pela bagagem de leituras e pelos comentários divertidos da professora. 

Às vezes, sinto que não saí do Brasil: as placas na rua estão todas em português, e, assim como no RJ ou no RS, as pessoas falam com sotaque e expressões diferentes, mas continua sendo a mesma língua que aprendi a falar desde bebê. Parece só que eu fui parar em alguma cidade escondida e distante de São Paulo, onde (quase) tudo é bem-cuidado, a sensação de segurança é enorme (me preocupo bem menos ao voltar de um show ou de uma festa de madrugada por aqui), e as ruas são lindas. 

Passo aqui todos os dias, no caminho para a Faculdade.

Sim: viver em São Paulo faz com que você se acostume com uma cidade feia, mas totalmente capaz de amar. Por outro lado, ainda estou à procura de uma rua lisboeta feia, ou de um lugar que eu não tenha uma mínima vontade de fotografar. E ter um rio limpo e um dia de sol à frente é algo que seria um sonho na capital paulista, mas aqui é uma realidade deliciosa (talvez o meu momento preferido até agora tenha sido o dia que desci até o Tejo e fiquei por lá só curtindo o sol e a paisagem).

Outros boas horas aconteceram quando fui ao Bairro Alto, o bairro boêmio daqui de Lisboa - algo que se parece com uma mistura de Augusta com Vila Madalena, mas que é mais legal que as duas juntas. Primeiro, com o pessoal da residência, para beber e conversar, e depois na companhia do Pedro Salgado, para jantar antes de irmos ao belo show do Manuel Fúria, um dos bons nomes da música pop portuguesa dos dias de hoje. (Aguardem, para os próximos dias, a entrevista que o Pedro fez com o cara para o Scream & Yell. Boto fé). 

Ainda tenho mil coisas para contar, mas acho que há ideias que vão descer para a tela daqui a alguns dias ou meses. Assim que as coisas forem acontecendo, continuo a contar por aqui - mas já fico devendo pelo menos dois textos para vocês: um guia de viagem à Sintra e Queluz (duas cidades próximas daqui), naquele esquema das 10 impressões, e um teste dos refrigerantes diferentes que encontrei nos supermercados daqui. Até já! 

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